quarta-feira, 12 de junho de 2013

Novo Consultório e Novo Site

Gente;

Nosso novo site é iedasampaio.com.br.

Todo o conteúdo deste blog foi passado para lá e tem outras novidades chegando também.


A outra novidade é que já estamos em novo consultório, situado na rua Jornalista Fernando Barreto, n. 120 - André Advogados Associados (perto do Hospital Iorte), aqui no Centro, Jequié - BA.

Os fones para contato são: 73-3526-7889 (falar com Daniela) ou 73-9976-7560.

É muita novidade para um dia só mas é isso mesmo.

Continuamos na Revista Cotoxó, com Domingos Ailton e no site jornalístico de Souza Andrade, o Jequié e Região.

Além de nosso programa "Divã com Ieda Sampaio" que passa toda segunda feira às 10:30, às 15:30 e às 20:30 horas, na 107 FM, daqui a pouco estaremos  também em outra FM daqui da cidade.

Aos pouquinhos, vamos dando novo fôlego à nossa vida.

Um grande abraço a todos e muitas alegrias.


terça-feira, 11 de setembro de 2012

Programados para viver




Amanhã fará um ano de seu falecimento e estão todos – sua mãe, suas
irmãs e alguns amigos – preparados para sofrer. Programados mesmo!

Eles anotam informações, fotos, textos, nas redes sociais. É como se
estivessem numa comemoração ao avesso. Numa festa de dia triste sendo
antecipada para acontecer.

Choram por antecedência.

Claro que o inconsciente naturalmente registra datas e nos faz lembrar
nossos pequenos ou grandes traumas. Isso é preciso, inquestionável.
Mas o meu questionamento é que, no meu intelecto,  por que eu
‘prefiro’ programar-me para sofrer se eu tenho a opção de me programar
para viver o dia do jeito que o dia vier ou, melhor ainda, direcionar
o pensamento para que meu dia seja feliz, alegre, produtivo?

Sim. Eu posso levar meu pensamento na direção que eu quiser. O
sentimento poderá vir, qualquer sentimento. Esse eu não vou poder
controlar não. Mas meu pensamento? Claro! Eu posso levá-lo para onde
quiser.

Posso provar: “pense numa praia agradável num dia ensolarado e muito
bom. O céu está azul e a água, fria e limpa me convida para nadar.”
Deu para ir lá? Deu para, no pensamento, curtir esse prazer? Foi
possível, aí mesmo, onde você está, sem sair do lugar, fazer esse
pequeno passeio? Isso gerou o que em você? Prazer, alegria? Descanso?

Pois é. Eu levo meu pensamento para onde quer que eu queira.

Então se eu me programo para sofrer amanhã a morte de um ente querido,
fatalmente sofrerei horrores. Chorarei, terei um dia emocionalmente
difícil.

Mas se eu me programo para viver, para viver a cada dia o bom e o mal
da vida (posto que o mal poderá vir, sim. Isso é uma questão de
realidade), eu me antecipo para apenas viver. E ser sujeito de meu
destino, de meus pensamentos, de minha vida. Quiçá até de minhas
emoções.

Posso me programar, no mínimo, para ter um dia agradável, ao invés de
ficar remoendo as dores, a ausência, a falta, a morte.

Escolho viver. Escolho a preparação para sorrir. Levo minha mente a
repaginar a dor, experimentar um pouco de alegria e para viver novas e
boas emoções.

Sim. Eu posso programar-me para ser viver bem. Para lidar
saudavelmente com minhas emoções, para apenas agradecer as cores, os
sons, o pão de cada dia, a vida. Isso, para mim, gerará bons
pensamentos, boas emoções, coragem e força para seguir ainda que a
falta de quem amo seja latente.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Papai x Mamãe


-“E como vai ser a partir de agora se minha mãe resolver ir morar em outra cidade?”
Foi com essa pergunta que ela chegou no consultório há três anos. O rosto vermelho de tanto chorar, uma menininha de doze anos muito triste ao saber que seus pais estavam se separando.
A confusão emocional estava montada e não era para menos: ela amava os pais mas já sabia de antemão que se um morasse numa casa e outro noutra seria sofrimento na certa. Sofrimento para ela: ela não estava acostumada a não poder curtir a segura presença do pai e a amorosa presença da mãe ao mesmo tempo.
A partir de agora, se quisesse, ia ser assim: dois dias da semana com um e o resto do tempo com o outro.
Mas a dor não parava por aí: tinha a insegurança, o medo de ver o pai com nova namorada, o medo da nova vida. Seria muito ruim estar sem os dois ao mesmo tempo. E se a mãe resolvesse também arranjar novo namorado?
-“Eu tinha percebido que há algum tempo eles estavam dormindo em camas separadas, mas achei que não fosse nada demais. Eles estavam prestes a se separar e eu não pude fazer nada para mudar essa situação. A única coisa que me resta agora é chorar. Chorar até eles entenderem que nós, filhos, estamos sofrendo demais da conta.” Esse foi um caminho de chantagem que ela maquinava contra os pais.

É sofrimento mesmo. Para todos. Para os dois que não encontram mais sentido em seguirem juntos; para os filhos que vão precisar de um bom tempo para assimilar melhor esse momento e se adequar à nova vida.

Mas se não tem jeito, se está decidido (e essa resolução é problema mesmo dos pais, num primeiro momento e nunca vem de uma hora para outra – é quase sempre coisa de longo tempo de desentendimento.), o que vou fazer?

Eu teria algumas dicas para pensar nesse momento. Talvez a ajude a elaborar algum pensamento sobre o assunto:
1. Viver essa realidade. Seguir com coragem como se isso fosse um cálice amargo que a gente tem que beber mesmo. Fere, dói, mas é um momento que posso usar para amadurecer minhas emoções, procurar lidar com as dores da vida da melhor maneira possível, para o bem de todos;
2. Aceitar que, se são adultos e decidiram pela separação, é por entenderem que isso é o melhor que escolheram para si mesmos. E se eu quero o bem de meus pais, devo buscar compreender que é melhor se separarem em paz do que viverem brigando e se machucando o resto da vida;
3. Com o passar do tempo as coisas vão se encaixando, vão acontecendo. Assim como a vida é flexível, os acontecimentos vão indo e vindo. Quem sabe como será amanhã? Não adianta sofrer por antecedência.
4. Valerá a pena viver um dia por vez. E ver, dia a dia, o que acontece, como o tempo vai passando. Nem tudo está perdido e ainda teremos alegrias e lutas para experimentar.

Coragem talvez seja uma palavra tônica, muito bem vinda, para momentos assim.

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quinta-feira, 7 de junho de 2012

Portas abertas à consciência



Eu tinha um colega que contava a história de seu avô: um homem distinto, inteligente e cheio de sabedoria.
Mas na hora de dormir, todas as portas dos quartos tinham que ser fechadas. Se não fosse assim, ele, o avô não conseguia dormir.
Foi desse jeito durante longos anos até que em atendimento psicanalítico, o avô, por via da fala, descobriu o porquê desse costume que tanto deixava a todos incomodados. Todos sofreram longos anos até que ele compreendesse a razão de sua fobia e modificasse o pensamento, elaborando seus motivos, suas lembranças, seus medos.
Trazer à consciência aquilo que estava preso no inconsciente tende a proporcionar ao sofredor saúde mental. E a gente faz isso pela fala, através de análise.
Um medo, uma mania, um transtorno, um velho costume. Chupar dedo, levar um paninho para dormir... O vício de beber ou fumar. Usar drogas até consumir toda a vida. Certamente todas essas coisas tem uma razão escondidinha lá no inconsciente, pronta para ser tratada, como se limpa a sujeira de uma velha chaminé.
A Psicanálise é isso: análise da Psique, no sentido de esclarecer a verdadeira de meus supostos monstros, dando-me mais força, compreensão e clareza das minhas limitações para que eu seja um ser humano mais resolvido, pleno, ainda que em construção e evolução.
É a Psicanálise abrindo portas em nossas vidas.

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domingo, 27 de maio de 2012

Enfeitiçados pelo consumismo


Ela sempre foi linda demais. E eu ia pegá-la na escola, ainda em suas primeiras letras. Na porta da escola, um carrinho de pipoca pintado de azul. O vendedor ali, quietinho, vendendo vários saquinhos brancos cheios daquela coisa salgadinha e Sassá falava: “Tia, essa pipoca tem um cheiro bom, não é?” Bastava essa cantada dela para eu me render aos seus enormes cílios que se fechavam e abriam em seus olhos verdes sorridentes e brilhantes e dizer: “moço, me dê um saco desses!”. Pronto. Confesso que nunca resisti a um pedido, ainda que cantado e discreto daquela menina de olhos grandes. Nunca. Seu sorriso, a vida inteira, me convenceu de que eu precisava atender aos seus caprichos, pedidos, conversas, histórias.

Romantismos à parte, é mais ou menos desse jeito que os aparelhos ideológicos agem. Nos cantam, nos convencem de que precisamos adquirir e consumir o último lançamento daquele sorvete maravilhoso ou daquela nova margarina que derrete no milho e a família ‘está feliz’.

O dia está calmo, a paz reina nos lábios brancos e sorrisos perfeitos daqueles atores e sairemos amanhã cedinho a comprar o último lançamento daquela nova camiseta que está na moda, o último colar que aquela atriz usou ontem à noite na novela e o último lançamento de não sei mais o quê. Um novo ipod, um novo celular, uma nova TV.

Isso explicaria porque mulheres que só possuem dois pés (e é?) costumam ter ou querem comprar cem pares de sapatos. Mulheres ou centopéias?

Se por um lado há neuróticos anais que adoram guardar, retém desde suas próprias fezes no intestino) até aquelas velhas canetas (de várias marcas, é claro”), por outro há os que querem adquirir coisas porque sua autoestima não é lá tão boa e precisam se firmar socialmente exibindo roupas caras, por exemplo. Mas ainda há gente que simplesmente não consegue resistir aos apelos da mídia. E compram compulsivamente, e gastam e se desgastam.

Os propagandeiros não se cansam de dizer: ‘você não pode perder, você precisa comprar’. E nós os seguimos, como gados, sem qualquer reflexão, sem qualquer objeção, só obedecemos. Apenas atendemos ao clamor ao consumo. Vamos correndo ao mercado comprar aquilo que nem é uma necessidade minha. Aquilo que passou pelo meu desejo, estimulado por outra pessoa mais bonita, próspera, talvez mais inteligente que eu.

Eu penso que não sejamos suficientemente críticos. Agimos o tempo inteiro mais emocionalmente que racionalmente. É fato que nossas ações são muito mais inconscientes que conscientes (vejo isso todos os dias no consultório). E vamos sendo levados por todo tipo de vento, idéias, apelos. Eu não penso, não critico meu pensamento, não me pergunto: será que preciso mesmo disso ou daquilo?

Claro que esse é um tema bastante difícil. Passa pela minha emoção. Passa pelo desejo. E desejo é coisa da nossa subjetividade. Quase insondável. O que você deseja? E, parafraseando o Psicanalista Jorge Forber: “você quer o que deseja?” Quer mesmo? Porque se tenho algo em minhas mãos aquilo vai ter um custo. Todo ganho tem um custo. Todo. Exemplo: você passa no vestibular. Muito bom! Parabéns! O preço disso será perder umas horinhas de sono, se preocupar com a prova e o trabalho de amanhã. Além de muitas outras ocupações próprias de um curso superior. É bom? Claro que sim! Os ganhos também são muitos. E certamente valerá a pena.

O ponto principal que quero levar em conta é: desejo ou necessidade? Eu tenho consciência de que o que desejo é realmente algo de que necessito de fato ou é fruto de uma idéia, uma propaganda midiática, uma imposição do outro e não minha?

No consultório a gente encontra muita gente ansiosa por consumir. Consumir desde objetos, coisas, até pessoas. Usam pessoas como objetos seus. Esse paciente normalmente é acolhido, respeitado e, acima de tudo, escutado. Especialmente ele deverá se ouvir, se conhecer, se gostar até conseguir gostar genuinamente do outro. Num processo terapêutico lento, mas eficaz.

Há uma distância entre ser cidadão e consumidor. Há uma distância entre saúde emocional e aqueles desejos ansiosos que a gente carrega pela vida compulsivamente até se ‘realizar’ e consumir o próximo alvo. Numa roda viva que pode gerar muito mais angústia que prazer. Quem poderá entender o ser humano?

Querer não é errado e ter utopia nos leva adiante, como se estivéssemos caminhando na direção de nossa realização pessoal. O convite fica no sentido de pensarmos sobre nossos pensamentos, criticarmos nossos desejos para, com alguma consciência, se isso é possível, agirmos e sermos mais próximos de nossa própria humanidade. Tranquilos, saciados, felizes e seguros. Sabendo dizer “Não” quando se tem que dizer não e “Sim”, quando for o momento oportuno.

Quanto a mim, em relação àqueles olhos verdes, já está decidido: será sempre “Sim”.

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quarta-feira, 11 de abril de 2012

Ir e vir...


A mamãe lança um paninho sobre a cabeça do bebê, brincando e fingindo desaparecer e há silêncio. Quando ela retira o paninho recebe de presente aquele sorriso mais gratificante do mundo, aliviado pelo “retorno” da mãe.

Muitas mães e papais brincam desse jeito. Na consciência primitiva, ainda em desenvolvimento, da criança, ela compreende assim: se não vejo a mamãe, ela sumiu. mas quando ela retira o lenço de meu rosto significa que ela apareceu de novo e estou feliz por sua doce e cuidadosa presença.

Num só momento, numa simples brincadeira, a mãe está ensinando a criança um importante exercício de segurança: a mamãe ou o papai sempre voltarão; estarão por perto para cuidarem de mim. E o bebê, assim, é feliz.

Ir e vir é um direito fundamental garantido na Constituição brasileira. Claro que bebês não compreendem muito claramente o que essa coisa de direito significa, embora saibam que é muito importante a presença de pais amorosos, respeitadores e interessados em seu bem estar.

Quando saio e chego eu garanto ao meu filho que ele está seguro, bem cuidado e é amado. Ensino-lhe princípios de segurança e autoconfiança.

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terça-feira, 10 de abril de 2012

Bullying


Há pouco tempo a palavra bullying nem era conhecida. Agora virou tema importante na mídia, nas escolas, na família.

Engana-se quem pensa que se trata de algo novo. O termo agora vem à tona para tratar algo que já vem causando sérios prejuízos psíquicos há muito mais tempo do que se imagina.

Apelidos pejorativos, um comentário de mal gosto que pega, que faz sucesso na turma e daqui a pouco a criança ou o adolescente está completamente envergonhado, subestimado, ridicularizado e ferido. Sua autoestima prejudicada, talvez, pelo resto da vida.

Mas onde nasce, necessariamente o comportamento que gera a violência para com o coleguinha? Onde nasce o bullying? De onde vem essa forma desrespeitosa e prejudicial de tratar o outro?

Infelizmente, da própria família. É isso mesmo. Quando o pai se compara com o vizinho e se considera mais rico, mais forte ou mais bonito que o vizinho; quando a mãe critica todas as colegas de trabalho pontuando que se vestem mal... Quando o irmão mais velho aponta o amigo como feio ou cheio de defeitos... Esse tipo de comportamento gera na criança a idéia de que o outro não é lá tão importante ou não valha muita coisa.

Se na família a gente conseguisse gerar uma cultura de profundo respeito, de tolerância, de diálogo e de reverência aos outros – a todos os outros – a gente não tinha que sofrer com tantas vítimas envergonhadas, subestimadas, humilhadas e afetadas em sua autoestima.

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sábado, 7 de abril de 2012

Essência e Aparência


Vivemos numa época em que você vale mais pelo que tem do que pelo que você é. Isso significa que você poderá até ser uma pessoa má e perigosa, mas se tiver dinheiro e poder (ainda que só aparentemente), valerá muito. Um bom exemplo que temos é a famosa gang das loiras. Mulheres bonitas e muito bem vestidas enganando a todos, pois aparentemente eram gente de bem. Ou seja, elas não eram nem tinham. Elas pareciam ter.

De um modo geral há muita gente se esforçando muito para impressionar amigos e parentes com roupas de marca, com um carro importado, ainda que sua conta bancária esteja no vermelho e que seu orçamente familiar esteja comprometido.

Valores fundamentais como o amor, a gentileza, a tolerância, o respeito ao outro ficam relevados a segundo ou terceiro plano enquanto toda nossa energia se limita a parecer ser alguém poderoso, confiante e cheio de si.

Então se vive de aparências. E enquanto cuido do que é aparente a essência vai se esgotando e vou perdendo as forças, o ânimo, a alegria e até a vontade de viver pois num lapso de maturidade percebo que o melhor mesmo é ter os pés no chão, o corpo simplesmente protegido e os pés calçados.

Saúde na alma e no coração e aquela saudável vontade de viver o que realmente é importante, o que realmente interessa.

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terça-feira, 27 de março de 2012

Cala a boca, menino!


Há um livro que diz que a língua da gente é como uma fagulha pequenininha, mas seus efeitos podem incendiar uma floresta inteira. Parece que o texto quer dizer: fale menos!

Rubem Alves prenuncia que há cursos de oratória em todo lugar. De 'escutatória', não. E é disso que nós, profissionais, pais, professores, líderes de um modo geral precisamos.

É fato: temos apenas uma boca e dois ouvidos. Certamente a intenção do Criador era que ouvíssemos mais e falássemos um pouco menos.

A Internet está cheinha de gente querendo falar. Prova disso são os milhares e milhares de blogs que, já riem os entendidos, são lidos apenas por seus próprios escritores. Nossos consultórios estão lotados de pessoas que precisam pôr para fora o que lhes angustia. Nossas empresas clamam por líderes capazes de ouvir seus liderados em suas supostas limitações e queixas.

Parece que temos uma crise enorme nessa área: de alguma forma perdemos (alguma vez tivemos?) a capacidade de nos inclinarmos ao outro desarmados, abertos, acolhedores, apenas a ouvi-los.

Ouvir tem a ver com acolher. Sim. Quem ouve o outro demonstra-lhe um tipo de amor raro nos dias de hoje. Quem escuta o outro está dispondo seu tempo, sua energia, sua agenda ao seu não-eu. Está lhe dizendo: "Venha. Eu te aceito, te acolho. Não te julgo ou penalizo".

Quando eu falo, me projeto. Quando ouço, internalizo. Recebo. Talvez até entenda\compreenda o outro, quem sabe?

Em apoios pedagógicos e psicológicos às indústrias e empresas percebo que elas querem falar. Precisam desabafar suas demandas, suas dificuldades, suas angústias. Vou, escuto e escuto. Basicamente só escuto. Isso já lhes alivia um pouco as pressões. Num primeiro momento invisto horas a fio diante dos gerentes e\ou líderes apenas lhes ouvindo.

Conheço mulheres que, por não conseguirem escutar seus maridos, põem em grave risco seus relacionamentos. Homens, idem. Conheço adolescentes e crianças que adoecem, ficam com febre ou são até internadas sem qualquer motivo médico. Quando vamos investigar: fator emocional. Ou não estão acostumados a falarem de suas dores emocionais ou nunca lhe deram espaço para isso. (Atenção, mamães e papais!).

Conheço profissionais de saúde que mal olham seus pacientes. Quanto menos os escutam com atenção. Quanto mais pessoas atenderem melhor para seu salário e aquilo que seria resolvido por uma simples palavra custa o preço de toda uma vida calada, recalcada, escondida, amedrontada e não projetada, por que a gente tanto se projeta por meio da fala quanto se cura pelo mesmo caminho.

Conheço também colegas que talvez para provarem que são bons terapeutas “falam pelos cotovelos”. Já vi muita gente boa perder a oportunidade de acolher seus clientes através de uma boa escuta. Ao contrário, lhes contam sobre sua formação, sua vida, seus problemas, sucessos. É estranho mas isso acontece, infelizmente. É o analista precisando de análise.

"Cala a boca, menino" devia ser trocado por "fala, garoto". Toda vez que nosso filho viesse de uma encrenca, de um mal estar na rua, com alguma queixa ou grito. Ouvir atentamente seu filho está ligado a acolhê-lo em amor.

Quero mais é ouvir. Por isso mesmo vou terminando apor aqui meu texto de hoje.

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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Homem ou mulher?


Ele se senta na mesa numa posição em que dá para ver a entrada da casa e a outra porta da cozinha. O gesto é de atenção, embora tudo esteja tranquilo e seguro. Seu instinto é de controle e dominação, como eram seus parentes/machos antigos, lá da caverna.

Ela é diferente. Bem diferente: se senta na mesa verificando se todos os talheres estão disponíveis, se cada um tem copo e prato adiante, se todos já se serviram. Vai e, finalmente se serve. Come. Come mas pergunta a um e a outro se quer mais isso ou aquilo, se gostou dos legumes. Além disso ela pergunta se estou triste, se está tudo bem. Ela sente na cara da gente se há algo de errado: ela é mulher.

Estamos na época de pensar em coisas como pós gênero: há linhas teóricas que defendem a idéia de criar a criança sem imposição de cor-de-rosa para las ninãs e carrinhos para os meninos para que eles descubram por si sós o sexo, ou melhor, a expressão sexual que seguirão quando puderem discernir pessoal e particularmente suas preferências.

Entretanto, quero ainda me aprofundar na idéia de que “Homens São de Mártir e Mulheres, de Vênus” e perguntar “Por que Homens Fazem Sexo e Mulheres Fazem Amor”. Sim, porque esse também é um questionamento que ainda não conseguimos, mesmo com toda a tecnologia, todas as pesquisas e todos os possíveis mapeamentos cerebrais, responder completamente.

Sei que há controvérsias para as diferenças entre homens e mulheres, embora não se possa discutir que, de um modo geral, os músculos dos homens são mais fortes e a mulher, como no caso acima, tem mais facilidade de encontrar objetos pequenos dentro da geladeira, de perceber com maior facilidade as oscilações emocionais dos outros etc.

Está mais que constatado, até a partir de exames do cérebro que homens e mulheres são diferentes e que cada um dispõe, por evolução ou por disposição hormonal, de diferentes componentes cerebrais, de diferentes características, diferentes jeitos e formas distintas.

Cada um possui específicas inteligências para esta ou aquela questão. Raramente uma mulher, por exemplo, tem muita facilidade para lidar com cálculos ou aptidão para utilização de mapas. Já os homens “preferem” falar menos, tem menor habilidade para cuidar da casa ou de detalhes. Claro que tudo isso tem exceções, mas é o que se vê.

Na Revolução Feminina – que ainda está em andamento e parece ser a revolução mais longa da história – a mulher estava mais interessada em ser respeitada como pessoa humana e com o poder de escolha de ter filhos ou não do que viver em competição com o homem, como se prega por aí.

Gosto de saber que há coisas das quais não tenho a menor habilidade e que posso contar com o outro – ele-macho – para resolver para mim. Também não vejo o menor problema em mostrar aos meus queridos colegas, amigos ou ao meu marido que o documento de que precisam (e que estão há horas procurando), está logo ali, na primeira fileira, à sua frente.

Somos iguais como seres humanos. Somos diferentes em nossas inteligências e habilidades. Um pode enriquecer o outro, sempre. Aí é bom. Pensar assim vale a pena.

Humanos é o que somos. Simples e complexo assim.







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