sexta-feira, 4 de agosto de 2006

Abaixo da linha da pobreza...


Confesso que estou assistindo a uma das novelas daqui do Brasil. Quando tenho tempo e estou plenamente disponível, sim.

Uma poesia... Coisas da própria vida.

Ao final, sempre algum testemunho ou leitura de vida feito por um protagonista da vida real.
Lá eles estão discutindo temas como racismo, maldade, dureza de coração, anorexia, desigualdade social, parece-me que vão falar também de portadores de necessidades especiais e outras coisas.

Outro dia eles conseguiram discutir sobre um lugar da África em que as pessoas vivem abaixo da linha de pobreza e foi mostrada uma favela um pouco diferente das do nosso país. Lá não se tem dinheiro para a famosa "batida da laje". As casas são feitas de pedaços de papel, ferro, sucata. Um lugar sem a menor infra-estrutura. Indigno para seres humanos.

Diga-se de passagem, a pobreza do Rio de Janeiro não é mostrada, não. Exceto em belas fotografias muito bem feitas apresentadas por um dos atores da referida novela.
Eu, como tenho mania de ressignificar tudo o que vejo, fico pensando assim:

1) A gente vive abaixo da linha da pobreza intelectual quando vê as coisas e se mantém no nível de informação sem aprofundamento, produto da deformação cultural e semiculturalização das quais fala tão bem o filósofo frankfurtiano Adorno.

2) A gente vive abaixo da linha da pobreza humana quando não se sensibiliza com as dores do outro e comete contra ele qualquer tipo de preconceito. Paulo Freire, em Pedagogia do Oprimido, afirma que é intencional a frase: é negra, mas é bonita. Como se o fato de ser negra a impeça de ser bonita. O "mas" é advérbio de adversidade.

3) Abaixo da linha de pobreza quando não perdôo. Quando fecho as portas de minha espiritualidade. Quando me limito à minha própria visão ou quando nunca consigo dar um passo além de mim mesma. Quando me enclausuro em minha própria "existência mentirosa, longe, dura, seca", parafraseando o cantor e compositor Gerson Borges.

4) Quando me fecho para a estética, para as coisas belas e me permito gostar de músicas que depreciam mulheres.

5) Pobreza cultural também conta em minha míope visão.

Estar distante de minha humanidade, também.

É isso.

1 Comentários:

Blogger Ieda Sampaio disse...

Não estou mais assistindo, viu?

8 de agosto de 2006 às 16:10  

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