terça-feira, 29 de agosto de 2006

Sucateamento das Universidades no Brasil

Fui, num desses sábados, numa formatura do curso de Bacharelado em Química aqui na UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

É sempre bom voltarmos à nossa casa. Ali, fiz dois bons cursos e fico emocionada quando passo por lá e revejo bons amigos, professores, Sr. Nelson (nosso pipoqueiro da portaria) dentre outras pessoas também muito queridas.

Aquela casa fez parte de um bom tempo de minha vida!

Eu e minha irmã fomos ao sanitário daquela instituição de ensino. E minha irmã ficou comentando: você viu que coisa feia? O sanitário está sujo, não tem papel...

E eu fiquei pensando: embora a construção daquele setor, que fica entre a biblioteca e o auditório principal, seja relativamente nova, há um contraste entre a beleza da edificação e a sujeira de algumas salas do seu interior. E fiquei ali tentando explicar à minha irmã que a universidade pública merece muito respeito e tem um lugar importante na sociedade. Importantíssimo!

Vejamos:

Na última Lei de Diretrizes e Bases da Educação do Brasil ficou definido que a organização acadêmica das Instituições de Ensino Superior passariam a ser classificadas em:

a) universidades

b) centros universitários;

c) faculdades integradas;

d) faculdades;

e) institutos superiores ou escolas superiores.

Destas cinco modalidades, apenas as universidades teriam legalmente a obrigação de trabalharem o tripé Ensino, Pesquisa e Extensão. Isso significa que a Universidade – e somente ela - teria o fim de produzir conhecimento.

As outras modalidades podem se limitar ao Ensino. Ou seja: reproduzimos conhecimento como ‘papagaios’.

Tal e qual está nos livros. Da maneira que está nos teóricos legitimados pelo espaço acadêmico. Nossos pensadores próprios quase não teriam voz nem vez. Como é mesmo hoje em dia.

Por exemplo, Paulo Freire foi um de nossos maiores intelectuais e pouca gente no Brasil o conhece. É uma pena.

Excetuando-se os Centros Universitários que legalmente estão ligados ao ensino em excelência, as outras três modalidades, tão presentes em nossas esquinas hoje em dia, apenas ensinam. E impõem aos alunos medo, provas pesadas para que eles pensem que ali o ensino é bom. O senso comum trata deste jeito essa questão: muitos foram reprovados; então o professor “puxa” mesmo.

Com algumas respeitáveis exceções, a qualidade do ensino é questionável. Não há produção de conhecimento. Há pouca pesquisa. Há uma verdadeira indústria de diplomas em nosso Brasil, pondo no mercado de trabalho profissionais de qualidade teórica e prática duvidosas.

Simplificando: se os poderes multilaterais desejam que todos os países não desenvolvidos continuem sendo mão de obra barata e não especializada, a universidade no Brasil constitui um alto risco intelectual.

Os produtores de conhecimento estariam em vários espaços, formando opiniões e conscientizando a população sobre a falta de conhecimento que temos de nossa Constituição Federal, por exemplo.

Ou estariam falando abertamente sobre quem financia os nossos jornais e sobre quem realmente manda neste País, quem ideologicamente orienta nosso pensamento (se é que pensamos por nós mesmos).

Além disso, nossos intelectuais poderiam produzir um tão importante e grande conhecimento (e também disseminar este pensamento por todo o País conduzindo novos pensadores e criadores) que seríamos concorrentes em condição de igualdade em relação aos países de primeiro mundo – as grandes potências.

O raciocínio é simples. Diria simplista até. Porém clareia um pouco a questão do sucateamento das nossas universidades públicas que sobrevivem ainda assim com professores de altíssimo nível acadêmico.

Minha irmã não pôde falar mais nada contra a universidade pública depois de meus quarenta minutos de discurso. Rs.

Eu não posso deixar a imagem de minha casa deturpada por ninguém.

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Olá Ieda!

Obrigada pelas suas palavras sobre a minha coluna no site Minha Vida.

Quando mencionei a falta de sucesso da música, nas entrelinhas, estava fazendo uma referência as mulheres que, naquela época, protestaram achando a letra de muito mau gosto...

Parabéns pelo seu blog e pelo seu currículo.

Tenha um excelente final de semana!

abs
Marlene Heuser
www.goldenyears.com.br
www.ondarpc.com.br/familia/relacionamento
www.minhavida.com.br
41-3274-2131

1 de setembro de 2006 às 19:13  

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