sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Eu, dona de mim.

Deixa a vida me levar! Vida, leva eu...” de Zeca Pagodinho.

Hoje de manhã eu me apanhei cantarolando isso.

Depois me veio a “Vida louca, vida, vida breve. Já que eu não posso te levar, quero que você me leve”, de Cazuza.

Músicas que fazem muito sucesso por aí. E nos fazem cantar, curtir.

E quase sem querer nos levam a pensar que o destino é algo inexorável, intocável. Algo em que não podemos interferir.

Agora a mais nova é: “Eu tiro onda para onda não me tirar”, do Jairzinho. Eu prefiro assim: eu, dona de minha vida. Tendo algum controle sobre ela.

É como o Efeito Borboleta. Recomendo o filme. Uma loucura as possibilidades que vão se desenrolando ao longo do filme e todas elas dependeram de minutos de decisão.

Um sim ou um não definiam um futuro feliz ou não.

Um breve momento acabava sendo responsável pelo desencadeamento de sucessos ou derrotas. Tristezas ou alegrias.

Isso me faz pensar que sou a pessoa que norteia a minha própria vida. Eu toco nela para o bem ou para o mal.

É claro que as circunstâncias, a sociedade, as ideologias vigentes e tantos outros fatores são também peças importantes para o que serei ou para o que ocorrer comigo no futuro, porém o comando da história, da minha história, depende essencialmente de mim.

Individualmente.

Eu opto, escolho, defino.

Minhas limitações estão, então, além de mim. Além de meus desejos. Nas mãos das macro e micro-estruturas, da minha família, do meu contexto sócio-cultural. Isso também é expressivamente pesado e determina muito em minha história.

Estou no mundo. Nele, me adapto. Mas especialmente o rejeito. Não o aceito. Questiono as coisas.

Eu, particularmente me afeiçôo com o pensamento de Paulo Freire quando afirma que

"Como presença consciente no mundo não posso escapar à responsabilidade ética no meu mover-me no mundo. Se sou puro produto da determinação genética ou cultural ou de classe, sou irresponsável pelo que faço no mover-me no mundo e se careço de responsabilidade não posso falar em ética. Isto não significa negar os condicionamentos genéticos, culturais, sociais a que estamos submetidos. Significa reconhecer que somos seres condicionados mas não determinados. Reconhecer que a História é tempo de possibilidades e não de determinismo, que o futuro, permita-se-me reiterar, é problemático e não inexorável."

Além de Paulo, o apóstolo de Cristo: “não se conformem com este mundo. Mas transformem-se a si mesmo pela renovação da sua mente”.

E eu quero, desse jeito, ser mais. Muito mais. Melhor do que sou agora.

Em tudo.


Algumas referências:

Freire, P. Pedagogia da Autonomia; saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996, p. 21.
Bíblia Sagrada. Carta do Apóstolo Paulo aos Romanos, Cap. 12. Vers. 2. Nova Versão Internacional.

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