Um pouco de política. Um pouco de religião.
Confesso que tenho me esforçado para não dar a este blog caráter de confissão política ou religiosa.
A discussão sobre neutralidade, em qualquer espaço, suscita questionamentos dos mais relevantes. Se afirmar que sou neutra, já terei pontuado, desde então, minha posição sobre as coisas.
Dizem que quem cala, consente. A explicação passa mais ou menos por ai: se me “finjo” de neutra, estou é declarando que sou a favor do estado de coisas que se me vêm à frente.
Então eu grito, esperneio: não posso aceitar, não vou me adaptar! Não posso concordar com descaminhos, especialmente se estes prejudicam o ser humano, em qualquer âmbito de sua existência.
E sou alma. Como diria Joe: sou Luz.
Sou transcendentalizada. Relaciono-me comigo mesma e com outros. Tenho encontros com o Divino.
Enfim, sou gente.. Não posso me desvencilhar de minha própria humanidade.
Explicações à parte, ontem experimentei duas grandes alegrias: assisti à vitória do presidente Lula e ao Código da Vinci – Duas das minhas mais vigorosas expectativas dos últimos dias.
Quanto à primeira alegria, explico-me: um presidente nordestino, sem curso superior (apesar de ter recebido o merecido título de Doutor Onoris Causa), conseguir vencer o preconceito e a ira dos detentores do poder e alcançar, mais uma vez, o governo brasileiro realmente me deixa emocionada.
Além de propor um projeto de governo que, mesmo sem estar no poder, delineia uma proposta diferente da dos neoliberais para o País. Chegar ao governo não significa chegar ao poder, uma vez que quem manda aqui é mesmo o poder do capital. Os banqueiros que oferecem nossos jornais, as grandes empresas, as multinacionais que enfraquecem a indústria brasileira. Isso provoca a falência de nossas empresas que não têm forças para concorrer com tão imensos Golias.
Esmagar, pelo menos nas urnas, o orgulho da dita “elite” brasileira que, curiosamente, sendo detentora do poder, não mais consegue exercer sobre a população a sua própria vontade, com se fôssemos seres não-pensantes que tivéssemos que obedecer, para sempre, os mandatários. Como era no período militar: “se não obedecer, força brutal nele, até à morte!”.
A vitória de Lula, para mim, é a vitória dos pobres. Dos oprimidos. De quem nunca teve voz ou vez. De quem lutou contra a ditadura e é contra qualquer ato de autoritarismo ou opressão.
É como se os valores fossem invertidos e, agora, o pequeno e fraco vence ao poderosamente mais forte.
É óbvio que Lula, para vencer, tenha precisado fazer alianças e necessite agir com muito cuidado frente aos contrários à sua linha de governo. Os monstros são ferozes e andam ao redor, desejando devorar qualquer proposta negativa à sua vontade.
Não deve ter sido fácil resolver as questões brasileiras junto ao FMI. Não deve ser fácil investir em Universidades Públicas, se a agenda multilateral pretende que sejamos mão-de-obra barata e não especializada. Não deve ser fácil ver as tramóias da mídia comprometida com o capital que busca, de todas as formas, assumir o poder através de nossos governantes.
Não deve ser fácil posicionar-se contra o desejo perverso de privatizar todas as empresas nacionais.
A vitória de Lula é, para mim, a vitória contra os preconceitos que nós, todos os nordestinos, sofremos todos os dias. É vencer nossos maiores obstáculos mundiais e poder vislumbrar novas possibilidades.
A governabilidade exige, sim, que o Presidente assuma posturas, de um modo geral, ligadas aos poderosos, aos donos do dimdim. Mas uma luz aqui e ali se encontra em cada proposta do governo Lula.
Quanto ao Código da Vinci, claro que não sou expert em cinema nem vou me arriscar a fazer um comentário técnico sobre o filme. Quem sou eu?
Matei a vontade, gostei do filme, embora minha fé em Cristo não tivesse sido abalada. Nem um pouco.
Só achei curioso quando o Robert, ao apresentar seu livro sobre simbologias, requisitasse da platéia que fosse identificando o que significava, para a platéia, cada símbolo apresentado. Há um momento em que uma ouvinte responde em espanhol: “la cruz del diablo!” E o ator, apresentado pelo querido Tom Hanks, solicita imediatamente: “em nosso idioma!”.
É exagero meu ou uma outra língua (que não seja a inglesa) não cabe em espaços intelectuais?
1 Comentários:
Ieda
No seu primeiro discurso, depois da vitória, Lula disse que o Brasil mandou um recado para os companheiros da legenda da qual ele foi fundador. "Não temos o direito ético, moral e político de cometer erros daqui para frente. Não temos o direito". Será que está sendo sincero?
Um abraço
Marco Aurélio
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