quarta-feira, 7 de março de 2007

Boatos sobre a Barragem de Pedra.




Em pleno verão de 2007 e tem chovido tanto aqui em Jequié...

Os velhos comentários e o imaginário popular vêm à tona outra vez fazendo-nos relembrar os mitos sobre a nossa velha e necessária Barragem de Pedra.

Meu pai mesmo volta e meia me procura com os olhos arregalados falando: Ieda, a Barragem vai ‘pocar’! Rs. Claro que seu coração vive cheio do que as pessoas comuns falam por aí, especialmente em dias de intensas chuvas como esses.

Dizem também que quando isso acontecer à água vai atingir a cruz da Igreja Matriz. Isso significa que toda a cidade será invadida pela imensidão das águas e ‘não ficará pedra sobre pedra.”

Outro dia tive o prazer de conhecer o Sr. Antonio Jorge, funcionário da CHESF - Companhia Hidro Elétrica do São Francisco. Estávamos numa interessante conversa sobre aquela Barragem quando ele me falou de suas vivências como funcionário daquele lugar e da segurança daquela construção. Falou-me de fotografias e de alguns fatos ocorridos ali.

(Seu pai teria muito o que falar sobre a Barragem de Pedras, não é, Sr. Jorge? Rs).

Gentilmente esse profissional me concedeu algumas fotos. Pedi autorização para divulgá-las e ele também encaminhou a meu e-mail o texto abaixo.

Acredito que especialmente nesses dias de intenso medo (rs) vale a pena ler um pouco e aprender mais sobre esse tão importante monumento de nossa cidade:

“O Rio das Contas está situado na região sul do Estado da Bahia, desenvolvendo-se entre os meridianos 39º e 42º30’ e entre os paralelos 13º e 15º.

Seus formadores estão localizados nas encostas da Serra das Almas e da Chapada Diamantina, na contravertente de oeste encontram-se os tributários da região superior do médio São Francisco, na do sul, a bacia do rio Pardo e, na do norte, os rios Paraguaçu e Jequiriçá.

Em seu curso inicial o rio das Contas tem a orientação segundo a direção Norte-Sul, com ligeira inclinação para leste até a vila de Suçuarana, a partir daí, muda de rumo, seguindo a direção Nordeste até o povoado de Apertado do Morro. Daí até a cidade de Jequié, segue na direção geral Oeste Leste, e após, inverte na direção Sudoeste até sua desembocadura no oceano Atlântico, nas proximidades do lado norte da cidade de Itacaré.

O represamento do rio das Contas é feito por uma barragem de contrafortes, com 17,00m de largura na cabeça e 6,74m na alma, com altura máxima acima da fundação da ordem de 60 metros; o nível do represamento normal foi fixado na cota 219,00m enquanto que os níveis máximo excepcional e mínimo foram estabelecidos, respectivamente, nas elevações 231,30m e 208,00m. O desnível criado entre o nível do reservatório e o de jusante – cota 180,00m - é de ordem de 45,00m.

O vertedouro está localizado praticamente no corpo central da barragem de contrafortes, no talvegue do rio e é constituído por sete comportas do tipo segmento; suas dimensões são 9,00m de altura, 12,5m de largura e raio de 10,00 m. Sua capacidade de vazão é da ordem de 5.000m³/s, com reservatório na cota 228,00m, é de ordem de 8.000m³/s, com reservatório na cota 231,30m quando é admitida a sobrelevação de 3,30m para amortecimento da enchente. A dissipação de energia é feita através ¨roller buckets¨ dotados de blocos dissipadores no final da concha.

Ao lado do Vertedouro, em direção à margem direita, está a tomada d’água, constituída dos blocos N 10 e 11 contíguos a vertedouro; da tomada d’água partem os condutos de adução á turbina da casa de força; e outro para a descarga de fundo. A primeira alimenta uma turbina

Francis, vertical com potência unitária de 28.300 cv. A capacidade nominal do gerador é de 22.230 Kva.

Quanto ao leito do rio das Contas, as investigações geológicas constataram a existência de uma camada de areia fina fluvial, permeável, de espessura variável, chegando a atingir às vezes 10m. Essa camada estende-se entre as margens sobre camadas mais profundas de diversas formações gnáissicas.

1.2 BACIA DE ACUMULAÇÃO

Até a cidade de Jequié o rio das Contas possui seus contribuintes inteiramente situados na região abrangida pelo polígono das secas, os quais são na maioria de regime intermitente. Até Jequié, sua bacia hidrográfica compreende o chamado Alto rio de Contas e, entre os afluentes de ambas as margens, salientam-se o Santo Antonio, Brumado, Gavião, Sincorá, Ourives, Jacaré e outros, os quais, os quais em razão da grande área de drenagem que abrangem, proporcionam um regime acentuadamente irregular, com grandes variações de deflúvio.

Considerando, portanto, o regime fluviométrico bastante irregular, a regularização das descargas do Alto rio de Contas, seria feita por meio de um reservatório de acumulação adequado, o que é obtido pela implantação da barragem situada cerca de 18 Km a montante da cidade Jequié, no local denominado Pedra.

Tal reservatório permite, assim, o controle de enchentes que por vezes causaram prejuízos na área a montante da cidade de Jequié.

O volume total da bacia de acumulação é de 1.690 Km³, sua área total é de 105 Km² e seu volume útil é da ordem de 1484 Km³.

O vale do rio de Contas encontra-se na região das rochas cristalinas do “Escudo Precambiano Brasília”, na região leste do país, cortando praticamente em ângulo reto a orientação geral NE-SO das rochas cristalinas, aproveitando as fendas e fissuras transversais.

1.3 - BARRAGEM DE CONTRAFORTES

A jusante do bloco 11 da barragem, que contém a descarga de fundo, existe uma bifurcação e tubulação dupla contendo as válvulas borboleta e dispersora.

2 - COMPORTAS DO VERTEDOURO

2.1 - GENERALIDADES

O vertedouro é composto por sete comportas tipo segmento de 12,50m de vão, 9,70m de altura e 10,00m de raio. Giram em torno de munhões ancorados nos pilares na cota 224,18m. distante 7,45m do eixo da barragem.

Rolam lateralmente em guias embutidas nos pilares onde também se processa a vedação.

A viga da soleira, onde se apóia à comporta e se obtém a vedação, está na cota 218,544m.

As comportas de segmento bem como suas guias embutidas foram fabricadas pela Mecânica Pesada S.A.

A estrutura da comporta consiste em um tabuleiro em foram de segmento circular, composto por vigas verticais secundárias, apoiadas sobre duas vigas horizontais principais, que por sua vez transmitem os esforços aos braços laterais e estes aos munhões.

As comportas foram projetas para uma carga hidrostática de 9,46m.

As comportas de segmento pesam 40,0 T cada e a vedação é de borracha sintética composta de dois trechos laterais que se apóiam nas guias laterais dos pilares e um trecho inferior que se apóia na soleira.

Lateralmente, os tabuleiros possuem uma roda-guia de cada lado. Estas rodas rolam nas peças fixas embutidas nos pilares.

As guias das comportas de segmento, existentes nos sete canais do vertedouro, são compostas de duas partes laterais embutidas nos pilares com a linha de centro formando um arco de circunferência de raio 9,72m centrado no munhão e uma parte inferior compondo a soleira, na cota 218,544m.

Foram construídas basicamente em aço estrutural.

À distância entre as superfícies de vedação lateral é de 12,50m.”

Ufa! Depois de tantas informações, podemos concluir: a barragem, papai, não vai ‘pocar’.


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12 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Olá Ieda,

Tudo bom?

Sou Marília Dantas, da Universidade Estadual da Paraíba e tenho uma bolsa na Universidade Federal de Campina Grande (Campina Grande - PB), no Laboratório de Hidráulica II Manoel Gilberto de Barros.

Você deve está se perguntando o porque de toda essa apresentação... deixa eu te esplicar.

No laboratório onde trabalho, está situado dois modelos reduzidos (um bidimensional e um tridimensional) da Barragem da Pedra, situada no Rio de Contas, BA. Ao pesquisar um pouco mais sobre a Barragem, encontrei no seu Blogger uma "matéria" que me interessou muito ( http://iedasampaio.blogspot.com/search/label/Barragem%20Pedra%20Jequi%C3%A9), pois estou preparando um texto sobre o porque do estudo do modelo reduzido, e o que resultou o estudo.

Gostaria com todo esse bla bla bla, solicitar-lhe autorização para usar imagens e boa parte de seu texto no meu trabalho. Gostaria de saber posso usá-lo, e como devo citar o autor, já que você fala no texto de Sr. Antonio Jorge, funcionário da CHESF.

Obrigada pela atenção,

**Ah, caso queira ver, nesse link tem algumas poucas informações do laboratório ( http://www.hidro.ufcg.edu.br/hid2).

Marília Dantas

23 de julho de 2007 às 14:37  
Blogger Ieda Sampaio disse...

Marília...
Preciso de seu e-mail pra poder lhe responder melhor tá?
De qualquer jeito, sou apaixonada pela Barragem e me interesso em ver o final de seu trabalho.
Até lá.

23 de julho de 2007 às 15:38  
Anonymous Anônimo disse...

Olá Ieda, desculpe-me a demora em lhe responder, é não sabia onde deveria olhar sua resposta...

Bem, como eu estava com um pouco de pressa em mostrar ao meu orientador, eu pus o texto na página no início dessa semana. Mas caso haja algum problema...

Bem, meu e-mail é marilia@hidro.ufcg.edu.br ou marilia.dantas@gmail.com

Aguardo resposta,

Obrigada por se interessar,

[]'s

Marília

10 de agosto de 2007 às 08:17  
Anonymous Anônimo disse...

Ieda, sou estudante escrevendo uma tese sobre a sustentabilidade do desenvolvimento energetico no Brasil.

Gostaria de saber alguns detalhes sobre a barragem. Ja sei que voce e fa, mas com um olhar objetivo, voce poderia dizer se as estradas entre a barragem e Jequie aumentaram muito desde que a barragem foi construida, e se a cidade cresceu muito para dentro de florestas e matas virgens por causa da barragem ou nao.

Em termos ecologicos, ha ou houveram problemas em torno da barragem - i.e., em relacao ao habitat de peixes, e o ecosistema?

Voce conhece o "Movimento Nacional dos Trabalhadores Atingidos por Barragens"? Voce concorda com eles ou nao?

Gostaria muito de ouvir sua opiniao, se pudesse me escrever para brshines@hotmail.com

Muito obrigada pela sua resposta!

Brigitte Hines
New Mexico State University
Las Cruces, NM, EUA
brshines@hotmail.com

14 de fevereiro de 2009 às 08:10  
Blogger P@ty disse...

Oi Sr. Ieda,

Tudo bem?

Sou Patricia Andrade, moro na cidade de Jequié e estudo na Uesb
adorei sua materia sobre a barragem de pedra e gostaria de saber um pouco mais. Se a senhora tiver disponivel manda uma resposta para o meu email que é paty_amobiologia@hotmail.com ficarei grata pois estou mesmo precisando de sua ajuda e colaboração.
obrigada pela atenção.

23 de julho de 2009 às 04:24  
Anonymous Anônimo disse...

Veja foto do engenheiro responsável em:
http://www.flickr.com/photos/andremottadelima/3766046420/

7 de setembro de 2009 às 20:57  
Anonymous Anônimo disse...

Veja foto do engenheiro responsável em:
http://www.flickr.com/photos/andremottadelima/3766046420/

7 de setembro de 2009 às 20:58  
Blogger carla disse...

ola Ieda sou aluna do curso de educação fisica na universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- jequié e estou fazendo um trabalho de recreação e laZer e meu objeto de estudo é a barragem de pedras. gostaria de saber se vc tem alguma informação de como foi planejada a barragem e se tem fotos do local antes da inudação.

obrigada!


Carla

5 de novembro de 2009 às 20:08  
Blogger Ieda Sampaio disse...

Cara Carla;
Por favor, mande-me seu e-mail que eu posso falar mais particularmente contigo.
Beijo.

6 de novembro de 2009 às 08:16  
Blogger Ieda Sampaio disse...

Meu e-mail pessoal é iedasampaio@gmail.com.

6 de novembro de 2009 às 08:16  
Blogger Unknown disse...

calcat_kiss@hotmail.com
se possível peço encarecidamente que responda com uma certa urgência.
esse trabalho é para segunda, obrigada!!!
carla

6 de novembro de 2009 às 10:43  
Blogger ambioverde disse...

Olá Ieda, Só agora vi seu post pesquisando sobre a barragem de pedra.
Muito interessante e informativo.parabéns
Gilvan

17 de junho de 2017 às 07:56  

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