segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

"Para todo tropeço, rios de misericórdia."


Quando ninguém nos compreende Deus percebe nosso coração, nos vê e perdoa.
Além de nos amar incondicionalmente.
Ontem eu estava vindo de Salvador para Jequié com Joe e ouvi em seu i-pod uma música de Jorge Camargo que falava assim mais ou menos: 'para todo tropeço, rios de misericórdias.' Coisa linda, não é?
E eu fiquei me perguntando: como é que Deus nos acolhe e ama mesmo quando erramos?
Será que é porque cria nele um sentimento de proteção quando todo mundo nos aponta o dedo?
Eu tenho um sentimento de mãe imenso. Se algum amigo meu erra e todo mundo lhe julga mal, eu me ponho num lugar de amor e compreensão, tento acolhê-lo... Defendê-lo das pessoas. Isso é amor.
Mas no caso de Deus eu re-pensei melhor essa questão.
Ele não apenas nos ama: além do amor imenso, sua graça está sempre presente, incondicionalmente.
É difícil entender isso pois temos a idéia de correção, de retidão, de castigo... Talvez pelo ranço da ditadura, nos acostumamos a viver julgando as pessoas. É como se nossa mente fosse autoritária e autoritarismo (que é diferente de autoridade) fosse para nós algo altamente tolerável. Ou então isso de julgar os outros esteja no coração do homem. Intrínseco, carente de cura e revisão.
Deus, não. Ele não nos julga porque conhece o que vai em nosso coração quando vacilamos.
Ele mesmo foi quem nos fez.
Nos compreende.
Nos aceita como somos e crê que podemos nos humanizar cada dia mais.
Como diria Paulo Freire: 'o homem possui vocação ontológica de ser mais.' (Gosto tanto dessa frase!).
O criador sabe o que vai em nossa existência e o que nos move intimamente.
Então sou levada a dormir em paz, cheia de sua graça.
Se isso não for graça - perdão e acolhimento mesmo quando estou no fundo do poço - eu não entendo mais nada.

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