quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ser mulher


Tenho uma predileção especial para estudar mulheres.

Eu penso nelas como gente, como pessoa em ascendência.

Desde Simone de Beauvoir e o movimento feminista, desde as lavadeiras de roupas às margens dos rios em nossas cidades e sua luta pela sobrevivência, o tema me instiga e intriga.

Ser mulher nos dias atuais é algo que beira à contradição: se por um lado ocupamos espaços que historicamente eram como propriedade e direito masculinos, sofremos ainda preconceitos de toda sorte, por todos os lados.

É comum procurarem "o chefe" em departamentos em que só trabalham mulheres ou imaginarem que se a mulher está sozinha ela pode ser assediada de qualquer forma.

Hoje uma cena me chamou a atenção, logo cedo. Observei melhor, com a ajuda de jornalistas, a foto da reunião da Casa Branca sobre os ataques que levaram Osama Bin Laden à morte.

Eu quero ver e pensar aquilo do ponto de vista feminino. Hillary Clinton, na sala de reuniões, era uma das únicas mulheres entre aproximadamente dez homens. Há também, ao fundo da foto que foi divulgada pelos EUA, uma outra mulher. De pé, ao fundo. Os jornalistas afirmavam que ela não tinha qualquer importância. Para quem?

Fiquei pensando que Hillary foi a única pessoa do grupo a expressar, com a mão direita na boca e em silêncio, o que ninguém soube dizer.

Aquela mulher pode ter ficado preocupada com o que aconteceria com os militares que, de helicoptero, estavam naquele momento entrando na casa onde estava Osama e seu grupo. Ou ela pensava que certamente teria sangue e isso seria visto em seguida, não se sabe.

Sendo mulher, Hillary demonstra na foto que sofreu. Talvez houvesse considerado sua maternidade - posto que só uma mulher pode considerar isso - e houvesse sofrido ao saber que vidas seriam ceifadas... não se pode ir no coração de ninguém.

De qualquer forma a mulher fala. Fala muito. Fala nas entrelinhas, em sua expressão corporal, com as mãos, com os olhos. Homens também. Claro. Há, porém, no gesto feminino algo de profundo, de materno, de curioso, de espetacular.

Sinto que muitas mulheres não compreendam bem a liberdade conseguida com luta a partir do Movimento Feminista.

Sobre o assunto, creio que sejam pertinentes as observações abaixo:

  • Definitivamente mulher não é igual ao homem.
  • Nós pensamos diferente, temos nosso olhar próprio sobre as coisas.
  • Nós não estamos em promoção, não somos baratas.
  • Nossa maternidade (latente ou manifesta) nos dá autoridade para falar com mais propriedade sobre vida ou morte.
  • Chegando perto de um ser feminino é sempre bom se lembrar da palavra reverência.
  • Não subestimar jamais a inteligência de uma mulher.
Não se deve ter vergonha de dizer: isso ou aquilo eu não consigo fazer porque não tenho forças. Se homens tem músculos, é bom que sejam usados. Força para quem tem força. Eu não preciso brigar pelo poder do outro.

Eu não preciso entrar em concorrência em minha casa se eu lavo melhor os pratos que meu companheiro. Há coisas que, como mulher, faço melhor. Outras que ele, como homem, faz com melhor eficácia.

Não há sentido em ficarmos competindo. A vida é maior e melhor que as quinquilharias que criamos.

Sou pelo Movimento Feminista que ainda hoje se perpetua no mundo inteiro. Apedrejar uma mulher por adultério significa dizer que ela estava numa relação sozinha. Cadê o seu parceiro? Também seria apedrejado?

Sou por um movimento inteligente que percebe e respeita os espaços de cada gênero mas que também fortalece a mulher a desconfiar que seu comportamento deve ser o de gente emancipada, resolvida, bem orientada e confiante.

Outro dia vi uma mulher em plena Av. Rio Branco, aqui em Jequié, dançando uma daquelas músicas baianas das quais a gente tem vergonha. Preconceitos e moralidades à parte, ela abaixava e se levantava com sua saia curtíssima, crendo que atrairia alguém, talvez.

Pode ser. Pode atrair. Há gente e pensamento de toda sorte. Há pessoas para quem aquele gesto é só mais um gesto que lhe excita ou não.

A minha pergunta é: qual o lugar, qual o espaço que aquela mulher pretende ocupar em sua existência? Que tipo de sentimento ela proporcionava a quem estava por perto? Que visão de gente a gente pode ter ao ver as tão lindas moças - e homens - com essas novas danças (danças?)?

As sociedades Romanas e Egípcias, por exemplo, eram mais imorais que a nossa. Certo. Então não cabem aqui discursos moralistas. Não em pleno século XXI.

Cabe, sim, em qualquer época, a criticidade sobre nossas ações como gente, o questionamento sobre nossa capacidade de ser, pensar e agir. Isso, sim, julgo ser pertinente numa sociedade em que as pessoas sofrem seus males e vão para nossos consultórios com existências desintegradas e completamente deprimidas e/ou ansiosas por não terem se encontrado como gente.






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1 Comentários:

Anonymous Dijalma disse...

Estudar as mulheres não é uma tarefa fácil, pois que trata-se de levantar hipóteses à perfeição. Ás mulheres foi dada a maior e mais divina das tarefas que é a maternidade. Talvez, por conta disso, elas de tão sublimes tornaram-se a própria essência da vida

9 de maio de 2011 às 18:43  

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